Na noite do dia 21/01/2013, a torcida
"Gaviões da Fiel" realizou protesto contra o aumento abusivo dos
ingressos comercializados no Campeonato Paulista. Momentos depois lançaram na
internet carta explicando os motivos, a qual, é transcrita em sua integra nesse
espaço:
"Na madrugada desta
segunda, em forma de protesto, os Gaviões levaram algumas faixas de repúdio aos
valores abusivos cobrados nos ingressos dos jogos do Campeonato Paulista.
Estão querendo elitizar o futebol que
sempre foi do povo e nós não iremos aceitar. O que queremos são preços justos e
que todos consigam frequentar os estádios para assistirem ao seu time jogar.
Será que é pedir demais?
E ainda temos que nos sujeitar a estádios
sem o mínimo de infraestrutura, banheiros precários, sem opções de alimentação
e segurança para esse tipo de evento. É lamentável o tratamento que se dá a nós
torcedores, pois pagamos os ingressos e gostaríamos de mais respeito. Estamos
só reivindicando os nossos direitos de torcedor que paga o seu ingresso, luta
por melhorias e quer o seu povo nas arquibancadas apoiando o seu time, pois sem
ele, nenhum time do mundo estaria onde está.
Vamos continuar a nos manifestar e cobrar
uma resposta para as nossas reivindicações, sempre em prol do Sport Club
Corinthians Paulista".
Carta e Fotos retiradas do site GloboEsporte.com
Posteriormente, no dia 03/02/2012, em jogo contra o Oeste, a torcida organizada corintiana surpreendentemente foi proibida de entrar com faixas, bandeiras e bateria. A ordem baixada da FPF foi rigorosamente obedecida pela Polícia Militar. Insatisfeitos a Gaviões da Fiel, por meio de seu website oficial, lançou uma nota de repúdio as violações sofridas:
"No último jogo válido pelo Campeonato
Paulista entre Corinthians e Oeste,
tomamos uma punição do Batalhão de Choque da PM, por conta do protesto
feito sobre os valores abusivos cobrados nos ingressos, não podemos
entrar como nossa faixa, nossas bandeiras e batucada.
O mais
absurdo e contraditório dessa punição, é que sempre foi cobrado das torcidas
organizadas o protesto dentro dos estádios, nas arquibancadas,
quando protestamos no CT (Centro de Treinamento do SCCP) no
Parque São Jorge, ou aonde for, somos alvos de criticas e cobranças por
não protestarmos dentro dos estádios. Se esse protesto partisse dos
Gaviões, será que seriamos liberados para entrar com
qualquer tipo
de material?
O nosso
associado ou o torcedor Corinthiano tem o direito de se manifestar e
fazer o seu próprio protesto. Nós jamais poderíamos podar o direito de
qualquer pessoa de protestar, é antidemocrático e inconstitucional,
e também é um posicionamento nosso desde o início do campeonato.
No segundo
jogo do Pacaembu, a casa do Corinthians, estávamos lá, apoiando,
torcendo, como sempre fazemos. Mas infelizmente estão afastando o
nosso povo dos estádios, pois a cada dia os ingressos são mais caros e
o tratamento é cada vez pior e desumano.Além do mais,
o protesto dos torcedores foi pacífico, feito através de letras,
formando palavras com dizeres nada ofensivos.
Os Gaviões só
estendeu um faixa de luto para homenagear as vítimas do acontecido em
Santa Maria, e um balão com dizeres de incentivo as famílias. A
arquibancada é o palco e o palanque do povo, é onde o povo pode (ou
podia...) se manifestar, se divertir e torcer pelo seu time de coração,
mas estão tentando acabar com o único direito que ainda temos a
liberdade de expressão.
Os Gaviões
jamais vão deixar de protestar, pois o nosso papel de torcida
organizada fundamentalmente é esse, LUTAR POR UM CORINTHIANS JUSTO E DO
POVO E PARA O POVO.
GAVIÕES DA
FIEL TORCIDA - FORÇA INDEPENDENTE EM PROL DO GRANDE CORINTHIANS
COMENTÁRIOS:
O protesto realizado de forma pacifica, por meio da exibição de faixas sem caráter ofensivo contra o aumento dos ingressos comercializados no "Campeonato Paulista Chevrolet 2013",
pela maior representante do bando de loucos do Sport Club Corinthians Paulista,
a Torcida Organizada “Gaviões da Fiel”, contribuiu para evidenciar importantes
estágios de (in)evolução a que atravessa o futebol brasileiro.
Imaginaram os dirigentes, aproveitando-se do ‘boom’ econômico vivenciado
pelo país e, principalmente, da paixão, muitas vezes, doentia e cega dos
torcedores, que o aumento do preço dos ingressos comercializados passaria
despercebido. Ledo engano.
Com efeito, olvidaram-se de que os estádios do interior paulista, os
quais facilmente servem de comparação à inúmeras outras praças desportivas
espalhadas pelo Brasil, não possuem condições estruturais minimas para abrigar
com conforto e segurança, a realização de partidas de futebol. Para não se aprofundar em demasia, sequer
possuem como determina o Estatuto do Torcedor, agentes preparados para bem
atender os torcedores-consumidores, nos casos de dúvidas e mal-entendidos que
por ventura possam ser gerados.
Outrossim, somente à título de ilustração, deixo a disposição dos
leitores, fotografia tirada por esse subscritor durante o dérbi campineiro do
primeiro turno do mesmo Campeonato, onde se pode ver uma cadeira do setor
das vitalicias do Guarani, caída no chão após ter sido alvo de um chute do
torcedor bugrino, em decorrência da insatisfação por ver o adversário marcar o gol da virada. Esta cadeira, infelizmente, acertou a cabeça de uma garota de
aproximados cinco anos que logo veio a cair em prantos. Certamente se não fosse a ausência de rígida vistoria pela Policia Militar de Campinas, exigindo a reforma desse setor do Brinco de Ouro da Princesa, tal episódio poderia ter sido evitado.
Detalhe: O preço do ingresso custou R$ 40,00.
Daí como achar que referida inflação não seria alvo de críticas pelos
assíduos frequentadores das praças desportivas, se não há retribuição esperada
em termos de organização, conforto e segurança por parte dos organizadores?
Felizmente, essa parcela de aficionados do Sport Club Corinthians Paulista, os quais, registra-se, além de
ocuparem os piores setores dos estádios são os que mais sofrem com os constantes
abusos de autoridade dos efetivos de segurança, despertaram para realidade de
enganação e exploração sofridas há décadas. Soa como absurdo imaginar que é
plausível se sujeitar a pagar R$40,00, R$50,00 até R$60,00 para ocupar
arquibancadas descobertas (se desconhece algum estádio que possua esse setor
com cobertura contra chuva), que sequer oferecem alimentos de boa qualidade e
em preços condizentes aos aplicados no mercado, para não lembrar da inexistência de sanitários limpos que nos remetem a desagradável
sensação de estarmos utilizando imundos banheiros existentes em diversos postos de
beira de estrada espalhados pelo país.
Infortunadamente, outros campeonatos estaduais também registraram
aumento no preço dos ingressos comercializados. Alguns, a priori, até justificavam
referido aumento, vide inauguração do Estádio Mineirão, onde se prometera padrões
FIFA de excelência, especialmente na
organização que seria disponibilizada aos torcedores. Todavia, conforme
amplamente divulgado e devidamente registrado, na prática o que se viu foi a
perpetuação dos mesmos erros.
Em apertada síntese, mudaram-se as instalações
desportivas, mas não as pessoas que controlam o espetáculo futebolístico nas
Minas Gerais.
Destarte, retornando ao futebol paulista, cabe ressaltar que rodadas
atrás a torcida do XV de Piracicaba havia protestado, de forma similar aos Gaviões, contra o aumento no preço dos ingressos vendidos na partida contra a
Sociedade Esportiva Palmeiras, o que, frise-se, é totalmente compreensível e
merecedor de aplausos.
Ato contínuo, em nada adiantará a construção de novas arenas,
se não qualificarmos os recursos humanos que trabalharão no atendimento aos
torcedores. Essa importante tarefa ventilada há tempos por muitos críticos
especializados na gestão e preparação de um evento desportivo, constitui
obrigação dos atuais ‘cartolas’ do futebol.
No entanto, conforme o ritmo da atual música paulista ditada pelos
‘dirigentes celebridades’, referido cenário parece longe de se tornar realidade.
Como resultado o torcedor possui duas opções. A primeira continuar a ser
rotulado como sofredor em toda sua inteireza, economizando e sacrificando os seus rendimentos para acompanhar a equipe do coração, pouco
importando se está ou não sendo enganado ao pagar por serviços materialmente
não-aferíveis, como é atualmente frequentar um estádio de futebol.
A segunda, é dar o
pontapé-inicial com vistas a exigir os
direitos previstos no Estatuto do Torcedor, antes, durante e depois do apito final do árbitro. Nesse particular, constitui dever do Ministério Publico, atuar de forma intensa para mudar o atual cenário de
desrespeito vivido pelo torcedor brasileiro.
Indubitavelmente, as medidas elencadas no
artigo 37 do EDT, abaixo transcrito, seriam bem recebidas para a continua
evolução e perfeita aplicação da Lei que, a julgar pelo número de sujeitos que
se dizem torcedores no brasil, deveria
ser a mais exigida no "país do futebol".
Art. 37. Sem prejuízo das demais sanções cabíveis, a entidade de administração do desporto, a liga ou a entidade de prática desportiva que violar ou de qualquer forma concorrer para a violação do disposto nesta Lei, observado o devido processo legal, incidirá nas seguintes sanções:
I – destituição de seus dirigentes, na hipótese de violação das regras de que tratam os Capítulos II, IV e V desta Lei;
II - suspensão por seis meses dos seus dirigentes, por violação dos dispositivos desta Lei não referidos no inciso I;
III - impedimento de gozar de qualquer benefício fiscal em âmbito federal; e
IV - suspensão por seis meses dos repasses de recursos públicos federais da administração direta e indireta, sem prejuízo do disposto no art. 18 da Lei no 9.615, de 24 de março de 1998.
Por fim, somente para reflexão dos leitores, será que a Polícia Militar realmente está preocupada em realizar a segurança dos torcedores? Ela atualmente trabalha para quem? Estamos a vivenciar cenas de ditadura nos estádios brasileiros?
#ACORDATORCEDORBRASILEIRO!
Acessem: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/L10.671.htm
Abraços!
FELIPE TOBAR
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