domingo, 6 de abril de 2014

A expulsão de torcedores do Flamengo na Arena Amazônia

Caros leitores,

Depois de longo período de tempo afastado das postagens desse espaço jusdesportivo virtual, volto a escrever com o objetivo de periodicamente trazer aos amigos, novos estudos e discussões inerentes ao Direito Desportivo.

Desta vez, infelizmente, trago à baila o ocorrido na Arena Amazônia durante partida entre Vasco e Resende, válida pela Copa do Brasil de 2014, onde, em inegável desrespeito ao próximo, registrou-se o atraso social enfrentando pela sociedade brasileira.

Os vídeos (que devem ser vistos para compreensão do presente post), cujos links se encontram ao final dessa postagem, nos comprovam ao menos duas hipóteses exaustivamente levantadas entre os estudiosos da violência esportiva.

A primeira é que a construção de novos e, portanto, modernos estádios não resolverá o problema da violência física e moral entre torcedores.

Nesse sentido,  esperava-se, a partir de considerável alteração das instalações físicas dos estádios, ou seja, com a inserção de um conceito mercadológico onde os torcedores seriam tratados como consumidores de um evento esportivo de qualidade, clara mudança comportamental dos torcedores, que inseridos em um novo ambiente, passariam a se comportar 'adequadamente' aos olhos das autoridades envolvidas no processo organizacional de uma partida de futebol. 

Porém, como visto no vídeo, tal hipótese esta longe de se concretizar.

A segunda hipótese está calcada no fato de que os sinais de involução da sociedade que semanalmente verificamos nas praças esportivas brasileiras, como por exemplo, a impossibilidade de conviver com as diferenças (apreços clubísticos diametralmente opostos), não afetam somente determinados membros das criticadas torcidas organizadas, mas também os famosos 'cidadãos de bem', estes sempre com poder aquisitivo considerável e, consequentemente, 'blindados' de receberem críticas. 

Notem nobres leitores, tamanho o atraso secular de respeito ao próximo existente entre os brasileiros, é que nesse episódio os 'stewards' (sujeitos com vestimentas coloridas em ambos os vídeos) foram obrigados a retirar os torcedores flamenguistas das arquibancadas, sob pena dos mesmos sofrerem agressões físicas. 

 Enquanto isso ocorria, os torcedores vascaínos que estavam ao redor ou mesmo filmando o episódio, comemoraram a retirada de ambos os torcedores, como se estivessem vibrando um gol rubro-negro. 

Em verdade, não há nada o que comemorar! 

Em suma, precisamos lamentar, refletir, criticar e consequentemente reclamar às nossas autoridades pela imediata mudança de comportamento nos estádios do país, até porque o correto à luz da legislação aplicável e também do bom-senso, seria a retirada imediata dos torcedores vascaínos que iniciaram a confusão, ainda que com a utilização de força de segurança (privada ou pública).

Mais do que a mudança física proporcionada pelas novas arenas, há que se exigir a mudança comportamental dos torcedores, fator este que somente virá com a adoção de medidas que atinjam a raiz do problema e, não com meros paliativos como bem gostam de realizar as autoridades brasileiras. 

Sugiro, com amparo nas práticas ocorridas nos Estados Unidos da América e com o que se tentou fazer na Argentina, a inserção obrigatória dos pulmões de convivência, local que será compartilhado por torcedores de equipes adversárias, em que será livre o comemorar e proibida a repressão e a consequente violência física ou moral entre os torcedores.

Um abraço!

FELIPE TOBAR

Vídeos:

(1) https://www.facebook.com/photo.php?v=668825363183833

(2)

Filmado por Daniel Costa.

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