sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Torcedor-Consumidor: Uma nova tendência

Decorrente da vida em sociedade, as práticas esportivas, de fato, sempre existiram transformando-se ao longo dos séculos. Em nosso país, em especial, o futebol por ser a grande paixão popular, sempre mereceu maior atenção.

Entretanto, a violência e as mortes causadas por torcedores, mancham e assombram os estádios, provocando o medo e o afastamento de pacíficos torcedores que vem optando por varias vezes, assistir aos jogos em casa, distantes da insegurança. O futebol como meio de expressão de identidades nacionais e locais tornou-se tema comum de ensaio e pesquisa no que se refere à canalização de algumas formas de agressividade que vem ocorrendo numa partida de futebol, não precisamente dentro do campo, mas no entorno dos estádios.

Neste esteio, surgiu o novo Estatuto do Torcedor, sancionado em Julho do ano de 2010, pelo ex-presidente Lula, intensificando a criminalização de inúmeras condutas por parte dos torcedores e exigindo maiores responsabilidades dos clubes, organizadores e do poder público, principalmente no que tange à segurança aos torcedores. Ressalta-se, em rápida análise, que o foco dos legisladores direcionou-se para a violência e não para a promoção da paz nos eventos esportivos. Ao invés de se humanizar e dar qualidade no tratamento aos seus torcedores que claramente se mostram consumidores em potencial, o governo preferiu astear a bandeira da criminalização, como bem resumiu o Ministro Orlando Silva, durante a apresentação do Novo Estatuto do Torcedor, em Brasília: “A criminalização tem como objetivo estimular um ambiente mais pacífico”. (1)

Penso que antes de atribuirmos mais tipos penais às condutas que permeiam as atividades esportivas, sobretudo que ocorrem no entorno das respectivas praças desportivas, já deveríamos ter cumprido com as punições existentes na revogada Lei do Estatuto do Torcedor. Por outro lado, devemos proporcionar melhores condições de conforto, segurança e de acessibilidade em todas as praças esportivas. Mostra-se cada vez mais urgente a adoção de uma melhor infra-estrutura por parte dos clubes, organizadores e poder público que visem comodidade e praticidade aos torcedor-consumidores, como por exemplo: a instalação e o respeito aos assentos numerados; construção de áreas de acesso fácil e seguro à idosos, gestantes e deficientes físicos; melhor organização na venda e emissão dos ingressos de modo que não se permitam mais que torcedores durmam noites nas filas; condições de higiene e alimentação em níveis de boa qualidade, etc.

É preciso também que os clubes invistam nas políticas de marketing para com seus aficionados, proporcionando-lhes promoções, descontos e outras tantas facilidades. Seguir os exemplos dos países (Inglaterra, Espanha e Portugal) que obtiveram êxito tanto na erradicação da violência, como no tratamento exemplar e lucrativo para com seus torcedores/associados, será essencial para que possamos vislumbrar as mudanças que tanto esperamos. Não é vergonha nenhuma importar os sucessos já consolidados. Felizmente, foi que fizeram os times gaúchos, Grêmio e Internacional que com uma nova visão de gestão e marketing, com conseqüente profissionalização do esporte, atingiram médias de públicos expressivas, aumentando o número de associados, a venda dos materiais esportivos da equipe e quase que erradicando a violência do entorno dos seus estádios. Prova disto, é o Selo ISO 9001 que possuem pela qualidade com que tratam seus associados.

Vislumbrada a magnitude e a importância do fenômeno futebol, atinge-se assim, um elevado grau de importância discutir com toda sociedade esta nova temática, social-jurídica desportiva, afinal, as mudanças são necessárias e oportunas para que o Brasil alcance os patamares de segurança e modernização exigidos da FIFA (para realização da Copa do Mundo) e do COI (para realização das Olimpíadas).

Em suma, punir de forma eficaz os maus torcedores e proporcionar aos dignos e pacíficos espectadores das práticas desportivas, um lazer de qualidade, deverá ser o caminho a ser trilhado, afinal todos nós somos titulares de direitos e por isto, devemos tê-los assegurados e cumpridos.


Grande Abraço!

Fiquem com Deus!
FELIPE TOBAR

REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS:

(1)(http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=134026&id_secao=1)

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