terça-feira, 19 de outubro de 2010

Lei pode obrigar futebol argentino a utilizar o uso da tecnologia

Fonte: Globoesporte.com

A deputada nacional Silvia Vázquez elaborou um projeto de lei que pretende incorporar o olho eletrônico, ou ‘olho de falcão’ como é chamado na Argentina, para situações pontuais no futebol argentino. A medida de Vázquez é tentar evitar as injustiças e diminuir a violência no futebol.

- Nos propomos incorporar a tecnologia para arbitrar as arbitrariedades dos árbitros – declarou a deputada à rádio La Red.

De acordo com a deputada, o projeto surgiu após a conquista do título do Vélez Sarsfield em 2008, quando Maxi Moralez marcou um gol que gerou controvérsias, devido a uma falta cometida no goleiro do Huracán na jogada.

- Se trata de estabelecer o impacto que algumas arbitragens tem em cima da violência. Mas temos visto que não existem setores que impulsionam esta mudança, porque enviei para a AFA e não obtive resposta.

Na última rodada do Apertura três lances de mão criaram muita polêmica. A utilização da tecnologia poderia ter sanado as dúvidas da arbitragem e evitado o empate do River Plate na partida contra o Godoy Cruz.

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Comentário:

Entendo que tal projeto se faz inviável/impráticavel em todas suas intenções. E explico o porquê.

Ao tentar atribuir à tecnologia, o poder de decisão das partidas, a deputada argentina ignora o "erro de fato" comumente cometido pelos árbitros. O "erro de fato" caracteriza-se pela falha/equívoco na interpretação de um fato ocorrido durante a partida. Como por exemplo, uma falta que para uns seria mais grave e para outros mais leve.
Em linhas breves, os árbitros são passíveis do "erro de fato" e, não há neste caso, o que se debater no que concerne a uma possível anulação da partida. Os erros são comuns dentro da prática desportiva e penso ser inadmissivel alterarmos "a posteriori" o resultado de uma partida, de um campeonato por um "erro de fato". Caso fosse por um "erro de direito", entendo que seria possível, pois ali se agiu com dolo, tendo a consciência que estava infringindo as normas, regras de qualquer modalidade, para ajudar determinado clube.

Acerca do tema violência, sonho com uma possível mudança de se ver o esporte e, sobretudo, trabalhar/viver o esporte. Os torcedores devem entender as dificuldades que os árbitros enfrentam, como por exemplo, a ausência de um suporte por parte das federações (falta seguro para árbitros, se não estou enganado), plano de saúde, acompanhamento psicológico e, este ao meu ver, o mais relevante, dentre tantos outros problemas.

Se absorvidas estas informações, quem sabe, os torcedores entendessem o quão complicado é a situação dos árbitros em todo o mundo. Não se trata de uma profissionalização, mas de políticas que lhes dêem maior segurança e tranquilidade para apitarem todas as partidas em que forem escalados, seja na varzea, ou em campeonatos oficiais.

Ademais, a contribuição de todos que vivem o desporto diariamente (clubes, dirigentes, federações, atletas, orgãos públicos), se mostra imprescindivel, como feito na Inglaterra, exemplo de sucesso na erradicação quase que total da violência e na pacificação e conseqüente educação dos torcedores. Imputar a violência a uma decisão dos árbitros, só demonstra, ao meu ver, um total despreparo da deputada. É preciso conscientizar e trabalhar políticas que alcancem o torcedor como um consumidor em potencial, tratando-o com qualidade e respeito. O torcedor estaria mais civilizado. Assim, muito provavelmente, iremos diminuir a violência, entretanto sabemos que demandará longos anos.
Não se pode tirar do futebol, a "injustiça", que tanto causa paixão e ódio entre os torcedores. Ao invés de mecanizar o futebol com tecnologias para alterar resultados, como quer a deputada, vejo que seria mais justo e até mais barato a colocação de material humano (mais árbitros, bandeirinhas), como já vem sendo feito em campeonatos europeus (LIGA EUROPA) e como será realizado em Campeonatos Tupiniquins, vide, Campeonato Carioca 2011.

Por fim, denota-se um conflito de competências, pois, caso seja aprovado este projeto, o que não acredito, a FIFA terá que intervir pontualmente, haja vista, que as competições da AFA se subordinam as regras da entidade máxima do futebol (FIFA) e não do Congresso Nacional Argentino. Em suma, este projeto viola as normas da FIFA.

Um comentário:

  1. Em campeonatos de maior importância a utilização de mecanismos tecnológicos para uma possível conferência, exclusivamente, durante a partida, em caso de dúvidas, não é de todo ruim. Mas daí a mecanizar o esporte, mudando resultados inclusive após o apito final é demais.

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